"Write"

29-03-2014 21:13

"Escreve". Era a palavra inscrita na parede. Como se fosse dificil! Dizem que as paredes têm ouvidos, mas não nos dizem que elas também falam conosco. E rapariga escrevia, sentada na sua cadeira de improviso, no seu livro pintado de branco como se quisesse reescrever uma história de novo, voltar ao inicio. "Impossivel!" pensava eu, enquanto assistia ao filme, olhando a rapariga de cabelos cor de sol a fixar o seu livro com os olhos da cor da liberdade. Tive pena, muita pena, pois existia tanta vida dentro daquela cor de olhos! Tanta vida nas palavras que eram passadas para o papel toscamente branco, de uma história contada pela rapariga inicialmente muda. 
Ela corria, com um sorriso de neve, pelo seu globo. Corria, pois correr é a libertação da alma no seu conceito mais básico. Mas perante o perigo, a neve ficava liquida e provinha dos seus olhos, parecendo que o azul ia desaparecendo á medida que escorria pela face de fada da menina. "És a minha familia, Max!" afirmara ao seu amigo que partira obrigado. Isto é o que o ser-se correto nos proporciona pensam que não?
Seguir as regras, o bom senso. O que um declara, todos os outros seguem, sem pensar pelas próprias cabeças e se se atrevessem a faze-lo, perdiam-nas. Mas não iria dar ao mesmo? Se não as utilizassem não as perderiam na mesma, as cabeças?
É tudo uma questão de perspectivas, penso. 
"Escreve". Como uma ordem, segui o que a parede me transmitia. Parede sábia essa, que conhecera tantas histórias, presenciara tantos momentos e sentira calores diferentes...
Porque não confiar nos conselhos de uma parede que parece ser mais humana que muitos seres?
Sua Majestade adormeceu, mas a sua luz não foi apagada. 
Mesmo quando o seu globo se quebrou, mesmo quando o seu corpo desfaleceu perante o último suspiro de Rudy, mesmo que tudo o que amava havia sido quebrado, a pequena menina não perdeu a sua luz. 
Parte da sua familia ainda lá estava pois, passados dois anos, Max surgira das cinzas de um pais detonado pelo sabor das próprias bombas. 
E no final, quando já a luz se devia ter extinguido, alguém que estivera constantemente presente, em todos os lançamentos de bombas, em todos os últimos suspiros, admitiu "A única verdade que realmente sei, é que os humanos me assombram".